domingo, 28 de novembro de 2010

LUÍS DE CAMÕES

“O grande poeta do maneirismo português”

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Veja esta página do Instituto Camões.

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Camões e Miguel Ângelo

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A grande figura iniciadora do maneirismo foi Miguel Ângelo (1475-1564). O que caracteriza a sua arte (escultura, arquitectura, pintura e poesia) e o seu pensamento é a sua insubordinação a tutelas, a sua rebeldia, a maneira pessoal (a terribilità) que lhes impunha.

Neste sentido, Camões (1525-1580) - que foi seu contemporâneo, embora 50 anos mais novo - aparenta-se com ele: não teve mecenas protectores que lhe limitassem a liberdade, era dado a grandes emoções e fúrias como o toscano, percorreu o caminho da sua vida entre pobreza, erros, humilhações e algumas glórias, em grande independência.

Foi um pensador que não pediu licença a ricos ou poderosos para exprimir a sua visão do mundo.

Leiam-se estes dois sonetos, que confirmam o vigor da sua originalidade:

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O dia em que eu nasci moura e pereça,

Não o queira jamais o tempo dar.

Não torne mais ao mundo e, se tornar,

Eclipse nesse passo o sol padeça.

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A luz lhe falte, o sol se lhe escureça;

Mostre o mundo sinais de se acabar;

Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,

A mãe o próprio filho não conheça.

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As pessoas, pasmadas de ignorantes,

As lágrimas no rosto, a cor perdida,

Cuidem que o mundo já se destruiu.

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Ó gente temerosa, não te espantes,

Que este dia deitou ao mundo a vida

Mais desgraçada que jamais se viu!

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Erros meus, má fortuna, amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;

Os erros e a fortuna sobejaram,
Que para mim bastava o amor somente.
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Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.
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Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.
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De amor não vi senão breves enganos.
Oh, quem tanto pudesse que fartasse
Este meu duro génio de vinganças!

Estas atitudes de quem tão duramente, tão fundamente sente a dor dos desencontros da vida, dos passos dados em falso está nos antípodas da postura serena de áurea mediania, do equilíbrio postiço dos humanistas.
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Imagem: Pietá (Nossa Senhora da Piedade, Basílica de S. Pedro) de Miguel Ângelo

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O SÉCULO XVI - Cronologia breve




Em Portugal




(1497-99 - Vasco da Gama descobre o caminho marítimo para a Índia)


1500 - Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil


1502 - Começa a construção do Mosteiro dos Jerónimos; nasce o futuro D. João III; Gil Vicente começa a carreira de dramaturgo.


1505 - Descoberta do Ceilão, a antiga Taprobana e actual Sri Lanka


1506 - Custódia de Belém, matança de Judeus em Lisboa


1510 - Conquista de Goa


1511 - Afonso de Albuquerque em Malaca


1514 - Embaixada de Tristão da Cunha; conclusão da Matriz de Vila do Conde; foral manuelino da Póvoa de Varzim


1516 - Cancioneiro Geral


1517 - Auto da Barca do Inferno


1519 - Conclusão da Torre de Belém, do arquitecto Francisco de Arruda


1521 - Morre D. Manuel; D. João III inicia o seu reinado


1523 – Farsa de Inês Pereira


1524/5 Nasce Camões


1526 – Sá de Miranda (que tinha duas irmãs em Sta. Clara de Vila do Conde) introduz a «medida nova»; túmulos renascentistas dos Fundadores, em Sta. Clara, por Diogo Pires, o Moço


1536 – Introdução da Inquisição, Gramática da Lingoagem Portuguesa


1537 - Morre Gil Vicente; a Universidade é trasladada para Coimbra


1530 – Nasce Manuel de Sá


1530-40 – Igreja renascentista de Nossa Senhora da Conceição de Tomar


1540 (c.) – Fim do Renascimento e do Manuelino; início do Maneirismo; chegada da Companhia de Jesus


1542 – Morre Grão Vasco


1543 – Fr. João de Vila do Conde parte para o Ceilão; Portugueses no Japão


1548 – Colégio das Artes; morre D. João de Castro


1550 – Prisão de Buchanan, prof. de Coimbra; morre em Granada, Espanha, o alentejano S. João de Deus


1553 – Camões parte para o Oriente; morre João de Castilho


1554 - Nasce D. Sebastião


1557 – Morre D. João III


1558 – António Ferreira escreve a tragédia Castro


1561 – Publicação da obra de Gil Vicente – Copilação


1566 – Início da Igreja jesuítica de S. Roque, em Lisboa


1567 – Camões vem de Goa para Moçambique, onde lhe roubam o Parnaso


1568 – Início do reinado de D. Sebastião


1569 – Camões regressa a Lisboa


1571 – Prisão de Damião de Góis


1572 – Publicação d'Os Lusíadas (2 edições) - que passaram com dificuldade as malhas da Inquisição


1578 – Desastre de Alcácer-Quibir


1580 – Morre Camões; Portugal perde a independência


1595 – Publicação da Lírica de Camões; igreja velha de Amorim (Póvoa de Varzim)


1596 – Morre Manuel de Sá





No Mundo



1506 – Início da connstrução da Basílica de S. Pedro

1508-12 – Miguel Ângelo pinta o tecto da Capela Sistina; Elogio da Loucura de Erasmo


1510 (c.) - a Escola de Atenas de Rafael


1513 – O Príncipe de Maquiavel


1519 – Morre Leonardo da Vinci


1519-25 – Cortez destrói o Império Asteca


1520 – Lutero rasga o documento que o condena; morre Rafael


1521 – Viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães


1527 – Carlos V põe Roma a saque; fim do Reanascimento em Itália


1536 – Morre Erasmo


1539 – Morre D. Isabel de Portugal


1540 – Fundação da Companhia de Jesus


1545 – Inicia-se o Concílio de Trento; Miguel Ângelo esculpe o Moisés


1553 – Pizarro destrói o Império Inca


1554 – Primeira edição conhecida de El Lazarillo de Tormes


1559 – Diana, de Nuno de Montemor


1564 – Morre Miguel Ângelo


1571 – Batalha de Lepanto


1588 – Invencível Armada


1595 – Publicação da Lírica de Camões

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Diário, memórias e carta

Diário

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O diário é um género autobiográfico.

É constituído por uma sucessão de notas datadas que alternam com a sucessão dos factos relatados.

A sua escrita é fragmentária.

Segue a ordem cronológica.

Os temas registados podem ser muito diversos.

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Memórias

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As memórias integram-se na literatura do eu, como o diário, mas a exterioridade pesa no relato.

O autor das memórias documenta-se em fontes variadas.

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Carta

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Consideram-se dois tipos de cartas: a informal e a formal.

Cada delas obedece a um estrutura específica e inconfundível.

Enquanto a carta informal utiliza a linguagem familiar ou corrente, a formal utiliza o nível cuidado.

Reportagem, entrevista, crónica

Reportagem

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Não é uma notícia desenvolvida.

O seu autor tem de visitar o local dos acontecimentos.

Usa uma linguagem corrente.

O lead da tem de responder às perguntas: quem?, o quê?, onde? e quando?

Há três tipos de reportagens: de acontecimento, de acção e de citação.

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Entrevista

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Procura reproduzir uma conversa com o entrevistado preferencialmente sobre questões da actualidade.

Deve reproduzir as palavras do entrevistado da forma mais rigorosa possível.

O entrevistador deve levar um guião da entrevista.

As suas perguntas podem ser abertas ou fechadas.

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Crónica

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A crónica é um artigo de opinião.

Parte duma acontecimento ou facto.

A sua linguagem é subjectiva.

Há crónicas marcadamente literárias.

A crónica é frequentemente escrita na primeira pessoa.

domingo, 14 de novembro de 2010

Matéria ultimamente leccionada

Textos dos média

· Crónica

Conceito

Características

· Reportagem

Relação reportagem/notícia

Tipos de reportagem

· Entrevista

Conceito

Estrutura

Como entrevistar (preparação, condução e redacção)

· Artigos de crítica literária e de cinema

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Textos de carácter autobiográfico

· Autobiografia

· Memórias

Memórias e autobiografia

Fontes

· Diário

Conceito

Diário e autobiografia

Conteúdos

· Carta

Carta formal e carta informal

Estruturas

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Funcionamento da língua

· Relações entre palavras:

relações semânticas: sinonímia/antonímia, hiperonímia/hiponímia, holonímia/meronímia

relações de som e grafia: palavras homófonas, homógrafas, homónimas e parónimas

· Actos ilocutórios (veja aqui)

· Campo lexical e campo semântico

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NB – Os alunos irão fazer o contrato de leitura após a conclusão das provas de oralidade; a seguir far-se-á o exercício prático de entrevista.

Em breve irá começar a ser leccionada a poesia lírica de Camões.